Viajando pelo Panamá

terça-feira, 1 de maio de 2007

Saímos de Brasília, rumo à América Central no dia 28 de abril (sábado), às 7h30, sem saber ao certo o que nos aguardava.

O primeiro país de destino foi o Panamá. Passamos pela imigração para carimbar nossa entrada no país e fomos pegar a bagagem. Tínhamos feito uma reserva no Hotel Marparaíso (simples, mas limpo), onde pagamos U$ 22 pela diária. Um funcionário do estabelecimento já nos aguardava no aeroporto (o que é ótimo). O translado é gratuito, se o hóspede ficar, no mínimo, duas noites. Caso contrário, paga-se U$ 15. Fomos direto para o hotel dormir, já que precisaríamos acordar bem cedo no dia seguinte. Emails de contato: marparaiso@mixmail.com / marparaiso@cableonda.net.

Começamos caminhando pelas ruas da cidade. A desigualdade social é grande. Carrões importados (quase todos de modelos grandes e quatro portas) e camelôs dividem o espaço nas ruas, onde há bastante lixo.

Passamos por uma pracinha e vimos algumas índias (com lenço vermelho na cabeça e uma espécie de piercing no nariz). São da
etnia Kuna
. Apesar dos homens terem adotado a roupa ocidental, as mulheres continuam usando os trajes tradicionais. Tornozelos e braços finos são marcas de beleza, que elas amarram com fios decorativos. Em cima dos pareôs, usam blusas coloridas com mangas largas e corpetes apertados, enfeitados de molas com intrincados desenhos bordados. Há também as que tatuam todo o corpo: são da etnia Wounaan e Emberá. Aliás, a população é muito homogênea: morenos, cabelos lisos e bem pretos, e traços indígenas. Uma observação importante: a sociedade é bastante machista. Aliás, característica bem dominante em toda a América Central, infelizmente. As índias oferecem seus produtos de artesanato falando: “Olhe, compre, o marido paga”.

Tiramos fotos usando o zoom. Elas cobram U$ 1 pela foto e é de uma forma bem direta: estendendo a mão e pedindo o dinheiro.

A cidade do Panamá é um misto de construções coloniais espanholas com edifícios moderníssimos. O setor hoteleiro, por exemplo, é repleto de hotéis cinco estrelas, boates e cassinos, lembrando uma pequena “Miami”.

Andamos até chegar à estação de ônibus para irmos ao maior ponto turístico da capital: o
Canal do Panamá
, uma maravilha da engenharia. Nos ônibus (colegiais, modelos antigos importados dos Estados Unidos), o banco é para 3 pessoas e o rádio está sempre ligado. Pegamos um ônibus que passa em Miraflores, a última eclusa antes do Pacífico.

A primeira tentativa de construí-lo foi dos franceses, em 1880. Terminou mal, com as obras paralisadas e a morte de 22 mil operários. A possibilidade de unir os dois oceanos para tornar a navegação mais rápida e barata despertou o interesse dos Estados Unidos pelo país. Então, logo após a independência do Panamá da Colômbia, que foi estimulada pelos Estados Unidos, os dois países firmaram o tratado Hay-Bunau-Varilla que deu aos EUA o controle perpétuo do canal, cujas obras iniciaram-se em 1908 e foram concluídas em 1914.

Em 1974 os Estados Unidos renunciaram à soberania perpétua sobre o canal e, em 1977, prometeram devolvê-lo aos panamenhos no dia 31 de dezembro de 1999. Até então, toda a área do canal e suas margens eram território americano.

Hoje, a cada ano, cerca de 14 mil embarcações cruzam os 82 quilômetros da passagem que ligam o Oceano Atlântico ao Pacífico. A diferença entre eles é de 26 metros. Para superar essa diferença os navios são elevados e baixados em 3 grandes conjuntos de eclusas, verdadeiros "elevadores" de água.

Servem para os navios subirem ou descerem em etapas, pois o canal está 26 m acima do nível do mar. Na
Eclusa de Miraflores
, a mais próxima à cidade do Panamá, instalações confortáveis permitem assistir de camarote à passagem dos navios. Em 2005, 5% do tráfego naval marítimo mundial passou por ali. O canal será ampliado, já que hoje só permite a passagem de navios de 32 m de largura, os "Panamax", e há agora transatlânticos maiores.

Um navio demora entre 8 e 10 horas para atravessar todo o canal. Os preços pagos por eles são inacreditavelmente altos: em média, US$ 42.000,00 por navio.

O Canal só abre para visitação às 9h. Ficamos esperando uns 20 minutos para poder entrar. O preço foi uma boa surpresa: U$ 5, com carteirinha de estudante. O ingresso incluía ver as eclusas do canal, a entrada no museu e a exibição de um vídeo sobre a construção do Canal do Panamá, finalizado em 1914.

Durante nossa visita, um navio passou. Uma narração gravada explica o funcionamento. O sistema de abertura e fechamento das eclusas é incrível.

Depois de terminada a travessia, fomos ao museu. É incrivelmente moderno, até com uma sala de simulação onde temos uma noção de como é estar à frente de um navio no canal.

O espaço conta toda a história de criação da grande obra. Muitos trabalhadores faleceram, sendo em sua maioria vítimas da febre amarela e malária, devido às más condições de higiene e trabalho.

Outra parte do museu mostra a riqueza da fauna e flora da região, que possui 28 mil km² de florestas. Para finalizar, um filme de 15 minutos. Adoramos. Vale a pena pagar. O local estava cheio de turistas, muitos deles americanos.

Do Canal, é possível ver a
Ponte das Américas
, que se estende da entrada do Oceano Pacífico ao Canal do Panamá. A construção da Ponte das Américas durou de 1959 a 1962 e foi um projeto dos Estados Unidos da América.

A ponte é de arco de modillón (em espanhol), com uma extensão de 1654 metros, dividido em 14 segmentos, sendo que o vão central, aquele que fica sobre as águas do canal por onde passam os navios é o maior de todos, medindo 344 m.

Casco Antiguo ou Casco Viejo

Do Canal do Panamá, partimos para o Casco Viejo. O lugar é uma graça. É a parte mais antiga da cidade.

A caminhada começa no
Paseo las Bovedas
, de onde se pode ver a Ponte das Américas. No caminho, existe um monumento na Plaza de Francia que homenageia os 22.000 trabalhadores da França, Guadalupe e Martinica mortos na construção do canal. Há, também, um busto do médico cubano Carlos J. Finlay, que descobriu como os mosquitos transmitiam a febre amarela. No caminho, vimos o Teatro Nacional (construído em 1907), o Ministério de Governo e Justiça (construído de 1905 a 1907), o Museu de Arte Religiosa Colonial, as ruínas da Igreja e Convento Santo Domingo, a Igreja de São Francisco (1673) em frente ao Parque Bolívar (com sua estátua erguida em 1426), o Palácio Presidencial, onde são criadas algumas garças (elas representam as províncias do Panamá), o Palácio Legislativo, o Museu da História do Panamá, o Museu do Canal Inter-Oceânico, a Catedral, a Plaza de la Independência (onde foi declarada a independência do país, em 1903) , o antigo presídio (Bovedas), hoje transformado em galeria de arte, e outros museus e igrejas (Igreja de La Merced, Igreja de San José, Igreja e Convento da Companhia de Jesus e Igreja Santa Ana).

Um guia nos acompanhou em boa parte do roteiro. Para não pagarmos caro (demos a ele US$ 2), paramos para almoçar por volta das 15h e o dispensamos. Comemos no
restaurante Cedro’s
. A comida estava boa, mas só o atendimento que era lento. Pedimos um frango, que veio bem apimentado, comum na América Central.

Antes de sua localização atual, Panamá, a capital, já esteve em dois sítios. As ruínas de Panamá Viejo dão testemunho da primeira colônia espanhola no lado do Pacífico. O lugar, onde viveram 10 mil pessoas, foi destruído pelo pirata Henry Morgan, em 1671. Mais calejados, os espanhóis transferiram a cidade para uma península próxima à baía (hoje o Casco Viejo) e a cercaram com muros. Quem vai ali vê uma mistura de construções coloniais com outras reformadas e de luxo. Casco Viejo foi decretado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Então, do Casco Viejo, seguimos para o
Albrook Mall (shopping das compras), em frente à estação central de ônibus. Queríamos ter ido até o Mercado de Artesanato (Artesanias), mas nos disseram que era perigoso caminhar por lá. Na Praça Cinco de Maio, pegamos um táxi, que custou U$ 2. Fomos bem alertados pela moça que nos atendeu no restaurante que não custaria mais que isso. Um taxista esperto achando que não sabíamos quanto valia a corrida, cobrou-nos 10 dólares, depois baixou para 5, mas nós já estávamos entrando em outro táxi.

No Albrook Mall, encontra-se de tudo: roupas, sapatos, perfumes, notebooks, televisores, DVD’s, máquinas fotográficas, eletrodomésticos e todo tipo de aparelho eletrônico. As câmeras fotográficas são bem mais baratas que no Brasil. Boas dicas são as lojas Multimax e Panafoto. Confira os preços e pechinche!

A outra fonte de renda do Panamá é a Zona Franca de Colón, o segundo maior porto livre do mundo. O primeiro é o de Hong Kong, que, aliás, usa Colón como porta de entrada de muitos produtos chineses no hemisfério ocidental. Trata-se de um enorme conjunto de armazéns cercado por um muro alto que o separa da cidade de Colón, uma jóia da arquitetura colonial espanhola, atualmente decadente e pouco indicada a turistas prudentes.


Praias

As do Pacífico sofrem muito os efeitos da maré e não são muito boas para banhos. Estivemos em uma delas: Vera Cruz. É bonita, mas as ondas são fortes. Há muitos pássaros e ilhotas que embelezam a paisagem do lugar.
Para chegar lá, pegamos um ônibus no Albrook bus terminal. Sai toda hora e é bem baratinho.
As praias do Atlântico ou do Caribe, como preferem os panamenhos, são mais belas. Ficam entre duas e três horas de ônibus da capital, e vale a pena conferir. Portobello e Isla Grande são as mais famosas.

Arquipélago Bocas Del Toro

Localizado no mar do Caribe, na costa noroeste do Panamá, tem praias belíssimas: Pristina e Boca Del Drago. Localizado há apenas 32 km da fronteira costarriquense, possui seis grandes ilhas e outras menores.

Ficamos na Ilha Colón. Para chegar, pegamos um ônibus na estação rodoviária da cidade do Panamá (Albrook Bus Terminal), com destino à cidade de Almirante. De lá, um táxi (chegamos de madrugada, mas há sempre vários táxis) nos conduziu para Changuinola, de onde os primeiros barcos para a ilha saem às 6h.

O curioso é que os hotéis estavam fechados, por ser muito cedo. Foi um nativo quem nos ajudou a encontrar o Hotel Las Brisas, bem central e à beira do mar. Era possível admirá-lo da sacada. A diária para casal custa U$ 20, sem café da manhã. O quarto é razoável, um pouco escuro; e a recepcionista, de poucas palavras.

Fizemos um passeio de barco, sendo US$ 15 por pessoa. Paramos para ver golfinhos e, depois, ficamos um tempo em um restaurante flutuante, no Cayo Coral (Cayo é o nome dado às ilhas pequenas). O lugar é lindo, cheio de recifes de corais e com uma água incrivelmente verde translúcida.

Tivemos um pequeno aborrecimento. Antes do almoço, perguntaram se não queríamos ir a outro lugar, onde era possível ver mais corais. Nesse caso, teríamos que pagar mais US$ 5 cada um e deixa- ríamos de ir à praia Pristina, que estava incluída no tour desde o início. Não concordamos, pois não era o combinado. Já havíamos pagado por outro pacote. O grupo acabou dividindo-se. Enquanto esperávamos no Cayo Coral (nós dois e mais uma família inglesa), outros pagaram mais para o complemento do passeio Acreditamos que eles devem sempre fazer o mesmo, a fim de ganhar mais uns trocados. Nós tivemos que esperar mais de uma hora pelo retorno do restante da turma para comermos, já que o almoço seria em outro local. Almoçados, fomos final- mente à praia Pristina, onde paga-se US$ 2 para entrar, e saímos de lá às 16h30, voltando à Ilha Colón, onde estávamos hospedados.

Chegando, pegamos um ônibus até a praia Boca Del Drago. Só deu para tirar fotos, pois já era final de tarde. Não entramos na água e voltamos no mesmo ônibus. Bela praia!
À noite, andamos pelas feirinhas de artesanato. Entre vários artefatos, descobrimos pulseiras e colares feitos com uma planta típica do Panamá.
Para finalizar o dia, pro- curamos um lugar para tomar vinho. Escolhemos o vinho “Closs”, bom e barato. Mais barato ainda é comprá-lo no mercado. Uma caixa de 1 litro custa US$ 2,50.


Arquipélago San Blás

Um cenário de filme: coqueiros, ilhas desertas, praias e areias brancas e mar cristalino. O arquipélago, onde moram os índios Kuna, fica na costa caribenha do Panamá. Mais de quarenta das 365 ilhas são habitadas por cerca de 60.000 índios.

As

casas de estacas de madeira e teto de palha cobrem totalmente as pequenas ilhas. O objetivo do isolamento é preservar as tradições e os costumes.


Foram eles mesmos que montaram toda a estrutura turística do lugar. Os kunas são um caso único na América Latina. Donos absolutos de suas terras, eles têm direitos quase irrestritos sobre as ilhas. Quem manda são os caciques que se reportam diretamente ao presidente do Panamá. Só eles podem dizer o que fazer com este paraíso, e decidiram não vender San Blás. É difícil entender como alguém poderia recusar milhões de dólares por ilhotas cuja única utilidade é plantar cocos. Mas os kunas conquistaram sua autonomia com muita luta, e ter um paraíso no quintal é motivo de muito orgulho. Foi preciso passar por uma revolução em 1925 para reafirmar os próprios costumes – duramente repreendidos pelas autoridades locais.

O restante das ilhas é ocupado por plantações de coco, todas com proprietários. Investidores estrangeiros tentaram esnobar as leis kunas e montar alguns resorts. Mas a legislação proíbe a venda de qualquer grão de areia do local e, também, que os gringos ganhem dinheiro dessa forma. Os hotéis clandestinos foram fechados ou queimados. Portanto, sem negociação. Todos os hotéis de San Blás são de propriedade kuna. Existem 9 ao todo, bem semelhantes entre si. Cada um fica numa ilha diferente, no meio da aldeia. Não espere nenhum hotel 5 estrelas. Todos são apenas um pouco melhores do que as casas onde eles moram. Têm cama e banheiro no quarto. Luz elétrica somente em alguns hotéis e após às 18h, o que já é considerado um luxo.

Se você não fizer questão de ventilador, televisão e água quente, os quartos até que são agradáveis. Quando chove, melhora um pouco. Caso contrário, terá de tomar banho apenas com um fio de água gelada. As refeições também não são das mais fartas. Só há um prato: arroz, saladinha e algum peixe ou fruto do mar e, claro, água mineral. Refrigerante ou cerveja, apenas no único mercadinho da aldeia.

Com as comunidades indígenas, famosas por suas “Molas” (bordados com desenhos marinhos) e outros artesanatos, pode-se aprender sobre sua alimentação, dança, música e cultura.

Na ilha, os passeios e as diárias não são caros, variam entre US$ 10 e US$ 20.

Geralmente a ordem de visitas às ilhas é: Aguja, Diablo e Perro. Reserve, pelo menos, 5 dias para visitar este paraíso.

Como chegar a San Blás

Do aeroporto nacional Allbrook, na cidade do Panamá, há voos domésticos para o arquipélago, operados pelas empresas Air Panamá ou Aeroperlas. São 40 minutos de viagem e a passagem custa entre US$ 60 e US$ 100.

Certifique-se, na hora da partida, de que está no avião correto, uma vez que há algumas aeronaves sempre alinhadas na pista, prontas a decolar para destinos diferentes a cada cinco minutos. Além disso, apenas desembarque depois de confirmar que já está na ilha El Porvenir. O avião tem diversas escalas, a primeira das quais ainda em continente. É comum turistas desembarcarem em local errado.

Transporte

Há uma grande quantidade de ônibus urbanos e intermunicipais e vários terminais na cidade, inclusive uma grande e moderna estação rodoviária. Uma passagem de ônibus custa US$ 0,35. Os táxis são também muito baratos. Uma corrida para qualquer ponto da capital custa US$ 2 (não se usa o taxímetro). O motorista vai pedir o que quiser, dependendo da cara do turista. Pechinche! O preço é fixo, não pague nada mais que o valor citado.

Visto

Brasileiros não precisam de visto prévio. A entrada no país é carimbada no aeroporto, no departamento de imigração.

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