Viajando pelo México

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Difícil foi escolhermos quais lugares visitar. Em virtude do tempo e das distâncias, optamos pelo sul do país.

Viemos de Belize, entrando pela cidade de Chetumal. Lá, a fronteira foi bem tranqüila. Pagamos US$ 15 (cada um) para sair de Belize (sendo que apenas passamos pelo país) e, na entrada do México, tivemos nosso passaporte carimbado. Foi rápido, pois já tínhamos obtido o visto na Embaixada do país em Brasília, que dava-nos direito de permanecer por 10 dias.

Para consegui-lo, tivemos trabalho. Fomos à embaixada 3 vezes para apresentação de documentos, pagamento de taxas (R$ 78 ou US$ 40) e entrevista. São muito rígidos, devido à fronteira com os Estados Unidos.

Na fronteira, aproveitamos para comprar alguns pesos mexicanos (moeda local).

Chetumal é uma cidade mais desenvolvida e foi onde vimos a segunda rodoviária de verdade, desde o início da viagem. A primeira foi no Panamá. Nos outros locais, é tudo improvisado em alguma rua, com vários pontos de ônibus e vans espalhados.

O ônibus (que pegamos em Belize e que passou pela fronteira) deixou-nos exatamente em frente à rodoviária. Precisávamos comprar nossa passagem para Palenque, a primeira cidade a ser visitada no México. Ônibus direto só teria à noite (seriam 7 horas e meia de viagem), então decidimos ir até Escárcega, da empresa Ado (a maior empresa de ônibus do México, faz todas as viagens no país), para às 11h30. Pagamos 158 pesos ou US$ 15,80. De lá, pegaríamos outro ônibus para Palenque. A moça que nos atendeu no guichê garantiu-nos que, em Escárcega, seria fácil pegar outro transporte.

Antes de sairmos, comemos uma torta de frango (pão com frango e salada), em frente ao terminal. Os mexicanos nem sempre fazem jus à fama de “hospitaleiros e alegres”.

Cadê o ônibus???

Chegamos em Escárcega por volta das 15h no terminal da Ado, mas para nossa surpresa a atendente informou-nos que não tinha ônibus para Palenque à tarde. Perguntamos a um nativo que sugeriu que fôssemos a um terminal de segunda linha (ônibus alternativos), onde talvez houvesse um ônibus saindo às 16h.

Um taxista, querendo ganhar dinheiro, disse que não passava ônibus nenhum e que levaria-nos (a essa altura já éramos 4, pois havia mais dois turistas estrangeiros querendo ir para Palenque também) por US$ 100. Um assalto! Claro que não aceitamos e pegamos um táxi até o outro terminal (conforme indicado pelo nativo), que era perto, mas estava chovendo. Realmente havia um ônibus para Palenque, saindo às 16h30.

Atrasou um pouco, partindo às 17h. Pagamos US$ 7 pela passagem e chegamos às 22h30 em Palenque. No caminho, o ônibus quebrou. O engraçado é que tínhamos pegado ônibus bem mais velhos e nenhum havia dado problema. E este que era mais novinho deixou-nos na mão. Por sorte, foi em frente à rodoviária de uma cidade onde paramos para a subida de mais passageiros. O motorista ainda tentou fazer o ônibus funcionar, mas sem chance. Perdemos uma hora esperando outro motorista e outro ônibus.

Ao comprar a passagem neste transporte alternativo, sabíamos que ele pararia em um trevo, não entrando na cidade. De lá, o jeito era pegar um táxi ou van para o centro. O taxista cobrou 150 pesos para levar nós quatro (eu, Ricardo e mais os dois gringos). Muito caro! Fomos até um motorista de uma van que cobrou, por cada um, 30 pesos, ou seja, US$ 3.

Descemos na Rua 20 de Novembro, onde há diversas pousadas e hotéis. Não lembro o nome de onde nos hospedamos. Já era quase meia-noite. O hotel era simples e o quarto bem quente. Pagamos US$ 10 pelo quarto. Ficamos em Palenque só uma noite. No outro dia à tarde, depois de visitar as ruínas maias, partiríamos para Mérida.

Palenque


Para ir às ruínas de Palenque (fica perto da cidade), pegamos uma van. Há várias saindo a cada 15 minutos. Pagamos para entrar no parque (US$ 2), onde ficam as ruínas, e mais para visitar o sítio arqueológico. Ao todo, são 45 pesos, ou seja, US$ 4,15.

Havia grande oferta de guias (índios nativos), mas preferimos entrar sozinhos mesmo. Eles cobram muito caro, varia conforme a língua falada: 450 pesos ou US$ 42 (o grupo) em espanhol; 650 pesos ou US$ 60 em inglês; e 750 pesos ou US$ 69 em italiano ou francês. Não é o sítio mais famoso, mas é o mais visitado. Para nós, o melhor da viagem.

Localiza-se no estado mexicano de Chiapas, trata-se de um sítio de média dimensão, menor que Tikal (Guatemala) e Copán (Honduras), no entanto, contém alguns dos melhores exemplos de arquitetura, escultura e baixos relevos produzidos pelos maias.

Entre todos os seus templos, o mais importante é o chamado Templo das Inscrições, local em que foi descoberto o túmulo de rei Pakal com a sua famosa máscara de jade. Foi em Palenque que os maias alcançaram a renovação total das concepções arquitetônicas. Destacam-se, também, o Templo Norte, o Templo do Conde, a Cancha de Pelota, o grupo central formado pelo Palácio e o Templo das Inscrições.

O lugar foi descoberto em 1773 por capitães espanhóis que vinham em busca de madeiras finas como cedro, coaba, e chico sapote. Ao começar a explorar a região, notaram que as madeiras estavam em cima de edificações antigas.

As ruínas constituem um conjunto de cerca de 500 edifícios que ocupam uma extensão de mais de 15 km. As escavações foram feitas aos poucos. O Templo das Inscrições, por exemplo, onde foram encontrados 3 tabuleiros com 619 hieróglifos, foi descoberto em 1952. Já outros edifícios, como o Templo de La Reina Roja e a Tumba dos Mortos, foram descobertos recentemente por arqueólogos mexicanos, em 1994 e 1993, respectivamente.

Não se sabe o nome original de Palenque, nem o ano certo do seu florescimento ou abandono.

Civilização liderada por mulheres?

Acredita-se que a civilização maia de Palenque era originalmente liderada por mulheres. Estudos revelam que as ruínas do Templo de La Reina Roja são muito mais antigas que as do palácio do conhecido rei Pakal, descoberto em 1950. Junto às ossadas de La Reina Roja foram encontrados anéis, colares, brincos e braceletes, além de uma máscara e uma tiara, ambas feitas de jade.

As escavações do Templo da Cruz indicam que a antiga civilização acreditava na reencarnação. No centro de cada um dos dois tabuleiros achados no Templo, existe uma cruz com cinco pontos cardinais. O norte da cruz significando o nascer; o leste o viver; o oeste crescer; o sul a morte; e o ponto central, a reencarnação. Era costume em Palenque, quando morria um rei ou uma rainha, matar um servo para que o Rei não viajasse sozinho ao chamado “inframundo”.


Partindo para Mérida

Do sítio arqueológico de Palenque, pegamos um coletivo para regressar à cidade. A passagem custa 10 pesos (US$ 0,90) pela passagem.


Desocupamos o quarto para não pagar mais uma diária (já deviam ser umas 14h) e deixamos as malas na recepção para buscar mais tarde. Fomos almoçar ali perto mesmo. O prato veio acompanhado novamente de tortillas (pães feitos de milho). A comida estava ótima. Após o almoço (“almuerzo” em espanhol), uma voltinha no supermercado Chê. Era grande e vimos muitas coisas curiosas. Os mexicanos gostam de tudo muito “grande”. Vimos refrigerantes de 3,3 litros; embalagens de Nescafés (parecendo potes de cera líquida) gigantes; as bananas (plátanos) também enormes. Lá, as garrafas de água com sabores de fruta surgiram bem antes do que no Brasil. Os eletrodomésticos é que são baratos demais, principalmente as geladeiras. Custam a metade do preço.

Do mercado, passamos no hotel para buscar as malas e partimos para a rodoviária. O ônibus para Mérida (novamente pela Empresa Ada) sairia às 19h. Como ainda havia algum tempo, lanchamos o que havíamos comprado no mercado. Preparamos ali mesmo uns sanduíches.

Viajamos a noite toda, chegando em Mérida somente às 5h30. Pagamos cerca de US$ 24 pela passagem em um ônibus novinho, com ar condicionado. Trocamos de roupa no banheiro da rodoviária mesmo, deixamos nossa bagagem em um guarda-volumes (“guarda-equipaje” em espanhol) e compramos nossa passagem para Chichen Itzá, às 12h40. A passagem sai por 80 pesos, isto é, US$ 7,50.

Teríamos, então, que ser rápidos para percorrer as ruas de Mérida, almoçarmos e pegarmos o ônibus para Chichen Itzá. No México, o aproveitamento de tempo foi perfeito. Os horários encaixaram-se para que pudéssemos aproveitar tudo da melhor maneira possível.

Assim que entramos no México, percebemos o quanto as estradas são melhores, mais conservadas, assim como os ônibus. A influência americana trouxe desenvolvimento ao país.

Mérida

Adoramos Mérida. É charmosa, de ruas estreitas, com edifícios coloniais de estilo europeu, e bastante arborizada. Mas, ao mesmo tempo, uma cidade moderna, desenvolvida e muito urbana. Essa mistura deu certo.

Capital do estado de Yucatán, no Sul do México, Mérida foi um destacado centro da cultura maia antes da chegada dos conquistadores. Atualmente é o centro comercial da península.

Foi fundada em 1542, pelo conquistador Francisco de Montejo, sobre as ruínas de uma aldeia maia. O nome Mérida é uma homenagem à cidade homônima na Espanha que abriga ruínas romanas. Importante durante o período colonial espanhol, Mérida voltou a ter destaque no início do século XX, quando viveu um período de prosperidade econômica decorrente da cultura do sisal, usado na produção de cordas. Dizia-se na época que Mérida abrigava mais milionários por quilômetro quadrado do que qualquer outro lugar do mundo.

Hoje, Mérida é uma cidade industrial, além de centro comercial, cultural e universitário. A antiga prosperidade do lugar se reflete nas suas grandes mansões, parques, praças e estátuas.

A Praça Central, mais conhecida como Zócalo, é rodeada por mansões, pelo Palácio Municipal, Palácio do Governo, Catedral e por muitos bares e restaurantes.

A Catedral de Mérida (Catedral de San Ildefonso Cruz, a mais antiga das Américas) começou a ser erguida no início de 1560 e ficou pronta em 1598. As portas com arcos na imponente fachada conduzem ao sublime interior com teto abaulado e arcos entrecruzados. Atrás do altar-mor há uma enorme e imponente estátua de madeira com a imagem de Jesus Cristo. A iluminação da igreja é toda natural. Apenas a luz do sol, que entra pelas suas janelas arredondadas, ilumina o local.

Ainda em volta da Praça Central, há o Palácio Montejo, o primeiro palácio dos governadores espanhóis.

Abaixo da praça, caminhando mais à frente, encontram-se outras construções belíssimas: o Templo de La Tercera Orden, que fica em uma pitoresca praça que reúne músicos e artesões (Parque Santa Lúcia); a Igreja de Santa Lúcia; o Teatro José Peón Contreras (com colunas imensas e largas), erguido na virada do século 20; e o Arco de San Juan. Muitos dos hotéis são em estilo colonial. Um deles é o El Ghan Hotel, fundado em 1801.

No Paseo Montejo, que fica na parte mais nova da cidade, as avenidas são largas; os canteiros, arborizados; e as mansões, belíssimas. Em suas calçadas (“peatonais”, em espanhol), um espaço para a cultura: esculturas de bronze de diversos artistas podem ser admiradas pelos passantes. Uma das grandes edificações desse bairro é o Museu de Antropologia e História, que tem um dos mais importantes acervos pré-colombianos do estado de Yucatán. Só a arquitetura do prédio do já vale a visita. E, ao final de uma grande avenida, o Monumento à Pátria.

Voltamos ao centro, de ônibus, para almoçar. Escolhemos um restaurante na esquina, próximo à Praça Central: La Habana. A comida era boa, mas fomos enganados. Pedimos um prato achando que a salada também estava incluída. No final, pagamos um valor mais alto do que pensávamos (US$ 25), e ainda não foi feita uma troca: batata frita por cozida. Infelizmente, não tínhamos mais tempo para discutir. Fomos de táxi até a rodoviária, pegamos as malas e saímos para Chichen Itzá. Nosso ônibus partia às 12h40. Já havíamos comprado a passagem bem cedinho.

Você sabia que?

A gasolina, nos postos, é vendida em galões e a um preço muito abaixo do que no Brasil. A estatal de petróleo PEMEX (petróleo mexicano) é a dominante lá. Não vimos postos de outras empresas.

Chichen Itzá

De Mérida até lá, duas horas de viagem. Chegamos às 14h40. Para nossa surpresa, o ônibus nos deixou na porta da cidade arqueológica maia de Chichen Itzá, localizada no estado mexicano de Yucatán, a 120 km de Mérida. Pagamos US$ 5 (cada um), com direito a deixar nossas malas em um guarda-volumes enquanto visitávamos as pirâmides.

Ao chegarmos, também já compramos nossa passagem para Cancún (94 pesos ou US$ 9,4), vendida em uma loja dentro do próprio parque. O ônibus sairia às 17h40. Seria só uma hora e meia de viagem.

Na entrada do parque, cafeteria, banheiros, lanchonetes, lojas de souvenirs e uma maquete das ruínas. Pegamos nosso mapinha (fornecido na entrada) e começamos a peregrinação. Dispensamos, novamente, os guias.

Chichen Itzá era uma cidade-santuário, um lugar sagrado do povo maia, que construiu ali templos e palácios de adoração de seus guerreiros e do deus Kukulcan. Foi a capital maia de maior influência entre os anos 750 e 1200 d.C.

A civilização maia viveu mais de mil anos, entre os séculos V a.C. e VI d.C., na América Central. A partir de então migraram para o norte, para o centro da península de Yucatán, no México. Ali, no século XII, os maias ergueram Chichen Itzá. Na cidade morava a nobreza da civilização: dirigentes, governantes e também líderes religiosos.

Os maias desenvolveram uma apurada técnica de observação do céu e dos astros. Seus cálculos previam os eclipses do sol e as órbitas dos planetas. Esse conhecimento era sagrado para as decisões dos imperadores e regulava, também, a agricultura dos maias.

A mais famosa Cidade Templo Maia funcionou como centro político e econômico da civilização. As várias estruturas: o Templo-Pirâmide de Kukulkan, o Templo de Chac Mool, a Praça das Mil Colunas e o Campo de Jogos dos Prisioneiros (com uma acústica quase perfeita e uma das construções mais antigas – 864 d.C) podem ainda hoje ser admiradas e demonstram o extraordinário compromisso para com a composição e o espaço arquitetônico. A pirâmide foi o último e, sem qualquer dúvida, o mais grandioso de todos os templos da civilização maia.

Erguida, provavelmente, no século XII, tem 30 metros de altura e, em cada um de seus quatro lados, 91 degraus levam até seu topo.

A pirâmide foi construída como uma espécie de calendário. Se somados, seus degraus são 364, uma unidade a menos que o total de dias do ano. O último patamar, comum a todas as escadas, completa a conta. O sol, que entra pela parte de cima, deixa marcas nas paredes dentro da construção. Era assim que os maias sabiam qual era o dia do ano.

Acredita-se que na pirâmide foi enterrado o deus Quetzalcoatl, ou Kukulcan, na língua maia.
Chichén Itzá tem raiz maia e significa "na beirada do poço do povo Chichen Itzá". Estima-se que foi fundada por volta dos anos 435 e 455 d.C..

Em 1988, Chichén Itzá foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Cancún

Saímos de Chichen Iztá às 17h40 e chegamos em Cancún às 20h40. A distância entre as cidades é de 188 km.

Ao chegarmos, não parece um lugar bonito. Tem o subúrbio como em toda cidade. Descemos na rodoviária e fomos pegar um ônibus para Downtown, bairro onde ficam os hotéis de preços mais baixos. O não muito simpático motorista do ônibus em que entramos não entendeu a nossa pergunta e acabamos pegando o ônibus errado. Fomos para o lado oposto da cidade, na Zona Hoteleira. Parecia que estávamos em “Miami”. Hotéis de 4 e 5 estrelas, todos luxuosos, alguns até com construções que lembram pirâmides. Bares; boates e restaurantes, que oferecem todo tipo de comida internacional. No trajeto, pode-se ver água dos dois lados, já que Cancún é uma península. Estávamos bastante cansados, mas valeu a pena. Aproveitamos para fotografar, de dentro do ônibus.

Descemos novamente perto da rodoviária e pegamos um táxi coletivo (aquele que leva mais gente e é mais barato). Já deviam ser umas 22h30. Ficamos no Hotel Azteca, por inacreditáveis US$ 15. O hotel é simples, mas tem água quente e até piscina. Nunca pensamos encontrar uma diária tão barata em Cancún. As passagens dos ônibus coletivos custam 6,50 pesos (US$ 0,60).

Playa del Carmen

No dia seguinte, escolhemos como destino a playa del Carmen, 68 Km ao sul de Cancún. Há um terminal de ônibus na frente do hotel. De lá, pega-se um até outro terminal, de onde saem coletivos para vários lugares. A viagem custa 32 pesos ou US$ 3. A praia é um colírio para os olhos, assim como todo o vilarejo. Bem desenvolvida, com muitos restaurantes, feirinhas, cafés, lojas, internet, é totalmente preparada para o turismo. Óculos de sol são vendidos por apenas US$ 9. E os cartões-postais mais bonitos do México estão lá.

A cor do mar varia entre o verde e o azul turquesa, sempre translúcido. Para completar o cenário, barcos à vela e muitos barcos de pescadores. Escolhemos um lugar para tomar sol. Se quiser sentar em cadeiras, com guarda-sol, é preciso pagar US$ 5. Preferimos deitar na areia mesmo. Afinal, eu tinha uma bela canga para estender no chão e nem almoçaríamos na praia.

Por volta das 12h, fomos procurar um restaurante na vila. Opções não faltam. Há um chinês que cobra 10 pesos mexicanos (US$ 0,90) por cucharra. Demos uma olhada, mas preferimos um que oferecia o prato do dia: arroz, feijão, batatas cozidas (consegui convencer a dona a mandar prepará-las), frango e salada. Serviram-nos novamente água de graça. Mas essa não nos caiu bem. Com certeza, não era filtrada e sofremos as conseqüências depois.

Após o almoço, pegamos um barco para Cozumel, ilha famosa pelas águas azul turquesa, recifes de corais, vida submarina e, por isso mesmo, muito procurada pelos mergulhadores. Cozumel recebe, anualmente, 60 milhões de turistas, mas apenas 30 pernoitam lá. A maioria, assim como nós, passa o dia e volta à noite.

Cozumel

O passeio de barco até Cozumel é maravilhoso, nada que me lembrasse aquela travessia terrível de Puerto Cortés, em Honduras, até Dangriga, em Belize, onde pagamos muito caro por conforto nenhum. E a água do mar é de um azul impressionante.

A travessia é rápida (são apenas 19 km da Playa del Carmen) e feita em um barco grande e confortável, com lugares cobertos e ar condicionado e, para quem preferir, há cadeiras na parte superior do barco, onde é melhor para fotografar. A viagem custa cerca de US$ 5. Os barcos saem da Playa del Carmen para Cozumel das 6h às 23h, de hora em hora. E de Cozumel para del Carmen, das 5h às 22h. Há voos, também, feitos por empresas aéreas mexicanas.

Cozumel, a maior ilha do México, tem 53 km de extensão e 15 km de largura. Foi muito afetada pela passagem do furacão Wilma em 2005. A praia foi a mais atingida e, apesar de todos os esforços na reconstrução, as marcas deixadas pelo furacão ainda estão por todas as partes. Percebemos isso na vegetação seca, torta e destruída pelos fortes ventos. Pedras na beira do mar estão cravadas por buracos, outra ação dos ventos.

Cozumel é um espetáculo. Pagamos US$ 30, por 2 horas de passeio, a um taxista. Aliás, essa é uma ótima dica. Você faz um passeio particular, e pechinchando, ainda consegue um bom preço. O taxista, simpático e nascido lá mesmo, parou onde e quando queríamos para fotografar. Apontou-nos os pontos turísticos e explicou-nos que o custo de vida é elevado, devido ao transporte para levar alimentos, combustível e todo tipo de produto ser mais caro. Enquanto estávamos no carro, até esquecemos que era uma ilha. Andávamos em uma estrada pavimentada, como se estivéssemos em uma auto-estrada no continente. A estrutura é incrível. O turismo gerou realmente bons frutos ao local.

Há uma praia bastante bonita (uma das paradas que o taxista fez) onde há um buraco enorme em uma pedra na beira do mar, sendo possível ver através dele o outro lado da praia.

Cozumel tem dois lados bem distintos. O voltado para o continente, onde se localiza a vila, com um centro de compras focado basicamente nos turistas norte-americanos, que desembarcam aos milhares dos navios de cruzeiro para comprar diamantes e outras pedras preciosas. Há, ainda, lojas de roupas de grife, perfumes, relógios, enfim, um paraíso para os consumistas, além de diversos hotéis e restaurantes.

Já o lado voltado para o mar aberto é bem diferente. Suas praias ficam ao norte da ilha e são desertas. A melhor para tomar banho é a praia (“playa" em espanhol) Chen Río. Os recifes formam pequenas piscinas e o conjunto de pedras torna o cenário ainda mais paradisíaco, num lugar onde a água impressiona pela tonalidade azul e transparência. Não mergulhamos, mas dizem que depois da passagem do furacão, a atividade de mergulho ficou bem prejudicada, pois boa parte da barreira de corais que cercava a ilha foi destruída, assim como a vida submarina. Outras praias de destaque são: Playa Bonita, Punta Morena e Punta Molas.

Na ilha, também existem ruínas maias e podem ser vistas no sítio arqueológico San Gervasio.

São inúmeros os pontos de mergulho de fácil acesso, tais como: Palancar Reef, Santa Rosa e Punta Sur, entre outros, que possuem exóticas formações de corais e são habitados por peixes.

Ao retornarmos à Playa del Carmen, estava tendo show de uma banda na pracinha, de frente para o mar. O lugar é bastante movimentado. Pegamos um coletivo para voltar a Cancún, pagando 32 pesos (US$ 3) novamente. Descemos em frente a um supermercado para depois irmos ao hotel. No dia seguinte, visitaríamos Tulum.

Tulum

Para ir a Tulum (130 km de Cancún), fomos à rodoviária comprar passagens. Não há vans para lá. Pegamos um ônibus de segunda linha (linha alternativa), às 9h, e economizamos US$ 2. A passagem sai por 54 pesos (US$ 5). Além de mais barato, parte bem antes do outro.


Depois de duas horas, o ônibus deixou-nos quase em frente à entrada das ruínas de Tulum - um cenário impressionante. Nós fomos caminhando. São apenas 800 metros. Para os mais preguiçosos, há um trenzinho. Ainda falta asfalto em muitas das ruas que levam a praias quase desertas.

As praias são pequenas e rodeadas por rochas e pelas ruínas de Tulum - um conjunto de templos e palácios construídos por volta de 1400 d.C, que são resquícios do final da civilização maia, povo que dominou a península de Yucatán por sete séculos. Os palácios e templos de pedra eram adornados e pintados com temas que retratavam o cotidiano, a natureza e os rituais da época. Hoje, mesmo tendo perdido o tom colorido (estão acinzentadas), ainda impressionam pela grandiosidade. Imagine se tivéssemos podido admirá-las em seus tons originais: amarelo, laranja e vermelho.

É possível descer para a praia por uma escada de 101 degraus. Entre as ruínas, é comum ver muitas iguanas, que parecem ter se acostumado com a presença humana.

Importante: levar boné e garrafinhas de água a tiracolo, pois o sol de verão é escaldante. Portanto, quanto mais cedo fizer o passeio melhor: menos sol e menos gente.

Hospedagem alternativa ou Ecoresorts?


À direita da entrada das ruínas (é preciso caminhar alguns metros), tem outra praia, tão bela quanto, só que maior e onde há acomodações bem curiosas para os ultra-alternativos. Os mochileiros podem acampar em cabanas de bambu de frente para o mar, a poucos metros das ruínas.

O preço é baixo (US$ 8/dia), mas também não oferece nada. Deve ser frio e deve haver muitos mosquitos. Também ouvimos dizer que há relatos de roubos no local. O único restaurante que encontramos na praia é quem administra as cabanas. Os hóspedes devem usar o banheiro do estabelecimento. O dono do restaurante deve ganhar dinheiro, também, lavando a roupa da galera alternativa, pois vimos dois homens entrando lá com sacos de roupas.

O almoço foi ruim: dez minutos após termos feito nosso pedido (peixe grelhado), fomos avisados de que não havia peixe. Só carne vermelha e camarão. A falta de concorrência é uma lástima. Um paraíso, mas sem estrutura nenhuma.

Mais ao sul há pousadas rústicas, porém confortáveis, de US$ 20 a US$ 60/dia. E, nos últimos anos, vários ecoresorts foram construídos, principalmente ao longo da estrada que liga Tulum à reserva natural de Sian Ka’an.

Nestes, o luxo (praias particulares, massagens aromáticas e cursos de meditação) e o preço das diárias (passam de US$ 300) parecem europeus. Grande parte dos hoteleiros é formada por engenheiros, arquitetos e artistas espanhóis e franceses que foram para o local recomeçar suas vidas.

Voltamos caminhando para a estrada, onde fomos deixamos pela manhã. Um ônibus para Cancún passaria às 15h45. Desta vez, só havia o ônibus de primeira linha. Pagamos, então, mais caro: 72 pesos (US$ 7).

Chegando em Cancún, demos uma volta nas praias da cidade: praia Tortugas e Caracol. Mas não valem a pena, são sujas. Voltamos para o hotel.

Isla Mujeres

No nosso último dia em Cancún, fomos à Isla Mujeres, a 12 km do continente. Os barcos para a ilha saem de 3 portos: Capitán Hook El Embarcadero (o mais caro – 70 pesos ou US$ 7); Punta Sam (50 pesos ou US$ 5); e o Puerto Juárez (o mais barato – 35 pesos ou US$ 3,20). Pegamos este último pelo preço e por ficar mais próximo da ilha e também do hotel.

Uma van para o porto passa em frente ao hotel e, em menos de 10 minutos, já estávamos lá. Pegamos o barco das 8h. Os barcos saem de trinta em trinta minutos. Por ser mais barato, não há turistas, só nativos. No porto de onde parte o barco mais caro (próximo à Zona Hoteleira), as saídas são a cada hora.

Os melhores locais para nadar na ilha estão nas praias ao norte. São limpas, calmas e rasas, de uma cor verde água. Perfeitas para tomar banho. No calçadão (“peatonal” em espanhol), que dá passagem à praia, há inúmeros restaurantes, hotéis e lojas de artesanato. Perguntamos o preço da diária para casal em um hotel quase à beira-mar: US$ 50. Nada exorbitante num paraíso como este. No Brasil, encontramos diárias bem mais caras e em lugares que não valem tanto assim.

Isla Mujeres é bem mais calma, nada da agitação encontrada em Playa del Carmen e Cozumel. Na praia, muitos albatrozes (maiores aves voadoras do mundo) mergulham em suas águas. Almoçamos em um ótimo restaurante, de decoração mexicana. Pedimos um pescado grelhado, acompanhado de arroz e salada. Apesar de um pouco apimentada, a comida estava saborosa e o atendimento foi muito bom. É preciso pesquisar bastante os preços. Vimos o mesmo prato pelo dobro do valor, a poucos passos dali.

Caminhamos mais um pouco, antes de pegar o barco de volta a Cancún. Hoje, chegamos mais cedo ao hotel. Iríamos no dia seguinte para Havana, em Cuba. Agora, seria nossa primeira viagem de avião (estávamos atravessando a América Central de ônibus), após o trecho Brasília-São Paulo-Panamá. O voo saía às 12h30, pela empresa Mexicana.

A passagem foi comprada em uma agência de viagem quando estávamos em Antigua, na Guatemala. O visto para Cuba também foi pago lá (foram US$ 20). Para ir ao aeroporto de Cancún, pegamos um táxi até o terminal de ônibus (11 pesos ou US$ 1) e, de lá, um ônibus da empresa Ado para o aeroporto. Saímos bem cedo para não termos problema. Partimos no ônibus das 9h20 (a cada 40 minutos sai um). Até o aeroporto são 40 minutos e a passagem custa 35 pesos (US$ 3,20). É mais barato que tomar um táxi.

Outros lugares para visitar

Parque Eco-arqueológico de Xcaret

Espécie de parque temático ecoarqueológico, que fica a 77 km de Cancún e a 5 km de playa Del Carmen. Bem planejado, é uma combinação de zoológico, centro de atividades e balneário. Foi erguido em volta das ruínas de Porto de Pole, um dos principais portos marítimos e comerciais do período pós-clássico da civilização maia.

Entre as várias atrações, está o passeio pelos rios subterrâneos. Naturalmente iluminados e com águas muito azuis, eles cortam o parque e seguem até o mar. É possível nadar tranquilamente ao lado de golfinhos, nas piscinas naturais do local, observar um aquário que abriga os mais belos peixes do Caribe e conhecer um viveiro de tartarugas marinhas.

Além da fauna aquática, morcegos, borboletas, araras, tucanos, lagartos e até pumas e jaguares podem ser vistos. Há, ainda, uma recriação de aldeia maia e, à noite, um grande espetáculo, com jogo de bola da mesoamérica.

Xcaret é muito bem estruturado e possui monitores que orientam as crianças sobre a preservação. Os ingressos variam de US$ 59, o básico, a US$ 90, o completo, com direito à alimentação.


Holbox
Pequena ilha no Golfo do México, próxima a Cancún, cujos moradores vivem da pesca e do mergulho. O meio de transporte local são os carros de golfe.

Os poucos turistas que circulam pelas areias da praia vão para mergulhar e fotografar os tubarões-baleia (de cor escura, com pintas brancas, podendo medir 15 metros e pesar 15 toneladas) e as raias jamanta (medem até 5 metros de comprimento por 8 de largura e pesam 3 toneladas; não possuem espinhos na base da cauda como é comum entre outras raias e, apesar do tamanho, é inofensiva ao homem).

Para chegar à ilha são duas horas e meia e 170 km depois, seguindo por estradas principais de asfalto e paralelas de terra, e cruzando vilarejos, até a pequena cidade de Chiquila. Depois, mais uma travessia de barco, por 200 pesos (US$ 20).

Holbox, ao contrário das demais praias na zona turística, é bastante tranquila. Ideal para quem busca descanso e contato total com a natureza.

Melhor época para visitar: abril a julho. No segundo semestre há risco de furacões, porém as condições são apropriadas até novembro. De novembro a março a temperatura cai e o mar fica mais grosso, prejudicando um pouco o mergulho.

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